IVAN SERPA
a inovação construtiva

Exposição e Vendas nº 59
19 de outubro a 02 de dezembro de 2023


Exibir mais obras
Ivan Serpa: a inovação construtiva

O mundo do pós-guerra era assim: construtivo, por exigência, e
humanista por necessidade. No Brasil, a paisagem rural e bucólica
se depara com uma nova realidade urbana, dinâmica e em pleno
processo de industrialização. Tanto na antiga Capital Federal
quanto na cidade de São Paulo, uma nova geração de artistas se
encarrega de elaborar formas e conceitos visuais adequados a essa
nova realidade nacional. O grupo “Ruptura” criado em São Paulo e
o grupo “Frente”, no Rio de Janeiro (1) incorporam a abstração
geométrica como principal ferramenta de trabalho. Esses grupos
definiam-se a partir dos seus próprios nomes. Enquanto o grupo
“Ruptura” propunha ações ortodoxas de enfrentamento à então
chamada “pintura naturalista”, o grupo “Frente” buscava soluções
menos radicais, valorizando aspectos subjetivos essenciais na formulação
artística.
Ivan Serpa, desde cedo destaca-se como a principal referência do
grupo carioca. Nascido numa família de classe média, sempre
morou na zona norte da cidade; foi criado por uma tia francesa que
o incentivou na criação artística. Diagnosticado com uma patologia
cardíaca, o sentido de urgência o acompanhou por toda vida. Ao
mesmo tempo, seu trabalho de restaurador de obras raras exigia
pesquisa e uma lenta execução de seus propósitos. Sua inegável
capacidade de liderança aliada a um talento natural levou-o a
ganhar em 1951 o prêmio de artista jovem da Bienal de São Paulo
e foi o fundador da escolinha de arte do Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro. A sua obra geométrica é repleta de ritmo e poesia e
incorpora tonalidades recusadas pela ortodoxia teórica e concretista.
Serpa usava as cores primárias defendidas pelos teóricos,
mas a elas incorporava tons terrosos, marrons, verdes e rosas que
povoavam a sua retina de cor suburbana e das luxuriantes paisagens
do Rio de Janeiro. Serpa foi uma ponte sobre os saberes, um
espírito inquieto que povoou a arte brasileira de maneira espetacular
durante trinta anos de criação ininterrupta.Na comemoração de seu centenário de nascimento e também dos cinquenta anos de seu falecimento prematuro, a Ricardo

Camargo Galeria traz ao público um conjunto de obras gráficas
realizadas pelo artista nos primeiros anos da década de 1950.
Trata-se de um pequeno tesouro que revela a essência poética
desse grande artista brasileiro que colaborou intensamente na
formação do pensamento estético nacional moderno e contemporâneo.
Tal conjunto pertenceu ao embaixador Jaime Leite Guimarães
que o preservou por décadas no exterior e que hoje
retorna ao país para a surpresa e encantamento de todos nós
que identificamos em Ivan Serpa uma fonte referencial na história
da arte no Brasil.

 

(1) O grupo “Ruptura” foi criado em 1952 em São Paulo, sob a liderança de

Waldemar Cordeiro com a participação de Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto,

Lothar Charoux, Judith Lauand, Hermelindo Fiaminghi, entre outros. O grupo

“Frente” foi criado no Rio de Janeiro em 1954 sob a liderança de Ivan Serpa

e com a participação de Aluísio Carvão, Décio Vieira, Abraham Palatnik, Franz

Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, entre outros. Esse grupo foi a semente

do neoconcretismo que contou com a adesão dos artistas paulistas Hércules

Barsotti e Willys de Castro.

Marcus de Lontra Costa

IVAN SERPA: constructive innovation

The post-war world was like that: constructive, by demand, and humanist by necessity. In

Brazil, the rural and bucolic landscape faces a new urban reality, dynamic and in full process

of industrialization. Both in the old Federal Capital and in the city of São Paulo, a new generation

of artists is in charge of creating forms and visual concepts suited to this new national

reality. The “Ruptura” group created in São Paulo and the “Frente” group in Rio de Janeiro

(1) incorporate geometric abstraction as their main working tool. These groups defined

themselves based on their own names. While the “Ruptura” group proposed orthodox

actions to confront the so-called “naturalist painting”, the “Frente” group sought less radical

solutions, valuing essential subjective aspects in artistic formulation.

Ivan Serpa, from an early age stands out as the main reference of the group from Rio de

Janeiro. Born into a middle-class family, he has always lived in the northern part of the city;

was created by a French aunt who encouraged him in artistic creation. Diagnosed with a

cardiac pathology, the sense of urgency accompanied him throughout his life. At the same

time, his work as a restorer of rare works required research and a slow execution of his

purposes. His undeniable leadership skills combined with a natural talent led him to win the

prize for young artist at the Bienal de São Paulo in 1951 and he was the founder of the art

school at the Museum of Modern Art in Rio de Janeiro. His geometric work is full of rhythm

and poetry and incorporates tones rejected by theoretical and concretist orthodoxy. Serpa

used the primary colors defended by theorists, but he incorporated earthy tones, browns,

greens and pinks that populated his suburban color retina and the luxuriant landscapes of

Rio de Janeiro. Serpa was a bridge over knowledge, a restless spirit that populated Brazilian

art in a spectacular way during thirty years of uninterrupted creation.

In commemoration of his centenary of birth and also of the fifty years of his premature death,

the Ricardo Camargo gallery brings to the public a set of graphic works created by the artist

in the early years of the 1950s. poetic essence of this great Brazilian artist who collaborated

intensely in the formation of modern and contemporary national aesthetic thought. Such a

set belonged to Ambassador Jaime Leite Guimarães, who preserved it for decades abroad

and who today returns to the country to the surprise and delight of all of us who identify in

Ivan Serpa a reference source in the history of art in Brazil.

IVAN SERPA: constructive innovation

(1) The “Ruptura” group was created in 1952 in São Paulo, under the leadership of Waldemar   Cordeiro

with the participation of Geraldo de Barros, Luiz Sacilotto, Lothar Charoux, Judith Lauand, Hermelindo

Fiaminghi, among others. The “Frente” group was created in Rio de Janeiro in 1954 under the leadership

of Ivan Serpa and with the participation of Aluísio Carvão, Décio Vieira, Abraham Palatnik, Franz Weissmann,

Lygia Clark, Lygia Pape, among others. This group was the seed of neoconcretism, which included

the participation of São Paulo artists Hércules Barsotti and Willys de Castro.

                                                                                                                     São Paulo. Julho. 2023

                                                                                                                    Marcus de Lontra Costa


Copyright © 2013 | RICARDO CAMARGO Galeria | Todos os direitos reservados.